domingo, 27 de novembro de 2011

E o cinema vai bem Obrigada! Será?

Estava eu lendo algumas coisas sobre mídias e multimídias e parei num texto que levou a um debate c tem uma conclusão interessante, eis ela aqui:
o texto a seguir é do Px Silveira.



O cinema no Brasil vai bem? A julgar pelo quantitativo de filmes e festivais, a resposta é sim. A julgar pelo que resulta de tudo isso, a resposta é um vago talvez, que dá margens a uma outra pergunta: mas para que serve mesmo o cinema?
Enquanto todo mundo quer produzir, tirar o atraso e fazer conteúdo, dar corpo e horas tela ao cinema brasileiro, a reflexão do que é feito está sendo relegada a um segundo plano. Entende-se. É tanta a sede e tamanha a satisfação de finalmente podermos produzir em quantidade, que só temos olhos e desejos compatíveis com essa realidade.
Mas, convenhamos, salvo raras exceções, temos sido produtores e consumidores de um acervo nacional de audiovisual padecendo de acefalia.
São poucos os filmes que vemos –ou nenhum, que buscam assimilar e digerir este conteúdo que é produzido aos montes, e anunciar sua importância dentro de um contexto mais amplo, pautado pelo arco da história do audivisual no Brasil e no Mundo, que é uma história de invasões, dominações e algumas saudáveis resistências.
É exatamente isto que Ctrl-V, a mais nova produção de Leo Brant, faz: buscar a cabeça da mula. Em certo sentido, o de uma arqueologia da produção, Leo faz o cinema do cinema. Ele mexe com os ossos do que tem sido produzido, isto é, com a estrutura e multi-utilidade da cena fazedora de audiovisual, até chegar a seu sentido mais primevo.
Não seria exagero afirmar que Ctrl-V tem os genes de Glauber Rocha e o DNA de Cataguases de Humberto Mauro, quando nosso cinema tinha o céu como Limite (palavra que aqui pode ser entendida duplamente, funcionando como componente do universo narrativo e como título da produção do cabalístico Mário Peixoto).
Não que Ctrl-V faça alguma referência explícita a estes mestres e à esta linhagem perdida do cinema brasileiro. Ctrl-V é mais sutil. Apenas fornece elementos críticos, sugere pensar o audiovisual com todo o seu potencial. Ctrl-V  traz ferramentas para não entregarmos a rapadura e atuar de coadjuvantes no cenário contemporâneo, que obrigatoriamente é um cenário global.
Em Ctrl-V Leo Brant deixa claro à exautão que nada mais se faz sem provocar efeitos de player global, seja essa ação causa, como o é para os produtores de ponta, ou consequência, como o é para os mais passivos.
Seja para o bem ou para o mal, não dá mais para passar despercebido ou para ficar alheio ao jogo travestido de espetáculo. Somos todos protagonistas. Alguns, dos atos. Outros, dos aplausos.
Enfim, um filme obrigatório para quem faz filme ou melhor dizendo, para quem faz conteúdo de audiovisual, que filme mesmo, pode ser outra coisa. Ctrl-V  tem o mérito de apontar para uma cabeça –ou o lugar onde ela deveria estar, completando o corpo que, no caso do Brasil, se expande rapidamente por meio de tantos editais de produção e festivais ôcos de cinema.

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