quarta-feira, 29 de junho de 2011

Arqueologia Submarina


Material pode integrar naufrágio mais antigo das Américas, diz pesquisador.
Navio levava canhões para construir fortaleza no Estreito de Magalhães.


Tahiane Stochero


Pesquisadores do Projeto Barra Sul retiraram do mar de Florianópolis, em Santa Catarina, uma pedra de mais de 800 quilos com o escudo das Forças Armadas da Espanha. O material possivelmente faz parte do acervo do naufrágio da La Provedora, que afundou nas águas catarinenses em 1583.
naufrágio (Foto: Guto Kuerten/Agência RBS)Pedra de 800 quilos com o escudo da Espanha foi retirada do mar (Foto: Guto Kuerten/Agência RBS)
"Descobrimos o material submerso em 2009 e desde então estamos trabalhando para identificar a origem de qual naufrágio é. Pelo nosso estudo é do naufrágio mais antigo das Américas, da Nau San Esteban, conhecida como La Provedora e ocorrido em 1583", disse aoG1 Gabriel Corrêa, diretor do projeto.
Segundo o pesquisador, o navio carregava uma carga de materiais provenientes da Espanha que seriam usados na construção de fortalezas militares no Estreito de Magalhães, no Chile. O navio integrava um grupo de 22 embarcações que partiram da Espanha, sendo que 13 afundaram no caminho até a Florianópolis. De Santa Catarina até o Chile, houve mais naufrágios e apenas cinco navios chegaram ao destino final com a carga de material bélico.


No naufrágio em Florianópolis, não houve mortes, diz o pesquisador. Segundo ele, no fundo do mar ainda estão vários canhões e outras pedras.


Desde que o material foi descoberto no fundo do mar, a cerca de 13 metros de profundidade na Praia de Naufragados, em Santa Catarina, os pesquisadores fizeram uma parceria com universidades para identificar e retirar os objetos.
"Na próxima etapa vamos retirar uma pedra triangular e um canhão. Há uma montanha de cerca de 4 metros de altura com fragmentos de madeira e cerâmica. É uma operação difícil, que depende de visibilidade e correnteza favorável", diz Gabriel Corrêa.
Entrevista do G1

domingo, 26 de junho de 2011

Tumbas Incas

http://historica.me/video/peru-descobre-370-tumbas-incas

Arqueólogos peruanos começaram a catalogar 370 tumbas incas encontradas nos Andes a cerca de 3,7 mil metros de altitude.
Os pesquisadores dizem que há tumbas quadradas, circulares, muradas e que algumas estão em buracos ou sob pisos de pedra.

As cestas eram usadas para reduzir o volume dos corpos enterrados
Especialistas afirmam que o sítio arqueológico tem entre 500 e 600 anos e que algumas das tumbas ainda contêm os restos mortais dos falecidos, dentro cestas de vime.
"Os indivíduos tinham funerais característicos e as cestas eram feitas de acordo com o volume dos corpos ", afirmou Jorge Atauconcha, chefe do sítio arqueológico de Chumbivilcas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Favelas Novinhas


Quatro novas favelas brotaram na periferia de Boa Vista, Roraima, nos últimos dois anos, como consequência da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, segundo informou “Veja”.

Naquele território de extensão contínua, correspondente a 7,5% de Roraima, viviam 340 famílias de brancos e mestiços.

Elas eram em sua maioria constituídas por arrozeiros, pecuaristas e pequenos comerciantes, que respondiam por 6% da economia do estado. Alguns possuíam títulos de terra emitidos havia mais de 100 anos pelo governo federal, do qual haviam comprado as propriedades.

Em 2009, por decisão do STF, todos foram expulsos.

O governo federal prometeu indenizá-los de maneira justa. Entretanto, no momento de calcular as compensações, alegou que eles haviam ocupado ilegalmente terra indígena. Por isso, encampou as propriedades e pagou apenas o valor das edificações.


Deserto num ex-campo de arroz,
fome, miséria

Foi o início de um doloroso êxodo rumo à capital.

“Veja” ouviu quarenta ex-fazendeiros. Suas reparações variaram de 50.000 a 23.0000 reais. Isso não daria para comprar nem um bom apartamento de três quartos nas principais cidades do país, observou a revista.

As favelas de Monte das Oliveiras, Santa Helena, São Germano e Brigadeiro foram povoadas com os índios “beneficiados” pela decisão do Supremo Tribunal Federal de banir os proprietários “brancos”.

Os indígenas estavam em contato com os brancos havia três séculos e perderam suas fontes de renda, provenientes de empregos e do comércio.

Estradas e pontes, até então conservadas pelos agricultores, ficaram arruinadas num cenário de devastação que evoca a revolução anarco-comunista dos “Khmer rouge” na Camboja dos anos 70.

“Acabou quase tudo. No próximo inverno, ficaremos totalmente isolados”, diz o cacique macuxi Nicodemos Andrade Ramos, de 28 anos.

“Está impossível sustentar uma família na reserva. Meus parentes que ficaram lá estão abandonados e passam por necessidades que jamais imaginaríamos”, afirma o macuxi Avelino Pereira, de 48 anos.

Índio macuxi Adalto da Silva num lixão
sem emprego, teve de deixar a reserva
Cacique de sete aldeias, ele perdeu sua espaçosa casa de alvenaria na reserva e caiu num barraco de tábuas na favela Santa Helena.

O líder indígena foi para Boa Vista, a fim de evitar que sua família perdesse o acesso às escolas, ao sistema de saúde e, sobretudo, ao trabalho.

Algumas famílias de índios que foram expulsas da reserva ergueram barracos no aterro sanitário de Boa Vista.

O macuxi Adalto da Silva, 31, que fala mal português, nunca pensou em viver da mesma forma que seus antepassados. Mesmo porque a caça e a pesca são escassas na Raposa Serra do Sol.

Até 2009 ele ganhava como peão de gado, mas depois da expulsão dos patrões ficou desempregado.

Na reserva não há dinheiro, tecnologia ou assistência técnica para cultivar as lavouras, e os campos foram abandonados.

Silva construiu uma maloca sobre uma montanha de lixo e sobrevive com 10 reais por dia coletando latinhas de alumínio.

Ainda assim, considera sua vida no lixão menos miserável do que na reserva.

Ele é vizinho do casal uapixana Roberto da Silva, de 79 anos, e Maria Luciano da Silva, de 60, que também cata latas e comida no aterro.

“O lixo virou a única forma de subsistência de muita gente que morava na Raposa Serra do Sol”, diz o macuxi Sílvio Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos Índios Unidos do Norte de Roraima.

Para com estes índios brasileiros não há piedade nem comiseração.

Brancos e mestiços expulsos da reserva também foram jogados na pobreza pela decisão do STF.

Fazendeiro Wilson Bezerra obrigado
a vender churrasquinho em Boa Vista
O pecuarista Wilson Alves Bezerra, de 69 anos, tinha uma fazenda de 50 quilômetros quadrados na qual criava 1.300 cabeças de gado. Um avaliador privado estimou em 350.000 reais o valor das edificações da propriedade. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) deu-lhe 72.000 reais por essas benfeitorias e nada pela terra. Seu rebanho definhou.

Restam-lhe cinqüenta reses em um pasto alugado. Ele sobrevive vendendo churrasquinho no centro de Boa Vista. Ganha 40 reais por noite. “O que o governo fez comigo me dá vergonha de ser brasileiro”, afirma Bezerra.

Coema Magalhães Lima, 64, chegou a ter 200 cabeças de gado e setenta cavalos. O fato de ser descendente de índios não impediu que ela fosse expulsa da reserva. Afinal de contas, o verdadeiro assunto era ideológico e ela não estava no lado “certo”.

Coema recebeu 24.000 reais de indenização. Ela e o marido gastam suas aposentadorias, que juntas chegam a 1.000 reais, para pagar o aluguel de uma pastagem para os 100 animais que lhes restam.

O governo federal prometeu que agricultores e índios não sofreriam prejuízos, mas o INCRA só reassentará 130 famílias desalojadas. As outras 210 ficarão de mãos vazias.

Mais: não concederá nenhuma gleba superior a 5 quilômetros quadrados. Quem possuía fazenda maior que isso arcará com o calote, diz “Veja”.

As famílias assentadas na Serra da Lua, perto da Raposa Serra do Sol, continuarão sob ameaça. O Ministério do Meio Ambiente pretende transformar essa área em reserva ambiental.

Se a idéia vingar, 200 pequenos agricultores que vivem no local se juntarão aos desalojados que hoje estão em Boa Vista.

Roraima já tem 68% de seu território inutilizado por reservas florestais e indígenas. Com a Serra da Lua, passaria a ter 70%. Será mais um golpe nas esperanças de desenvolvimento do estado, diz “Veja”, e mais outro golpe de machado do indigenismo comunista nos próprios fundamentos do Brasil.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Correio Braziliense

Devido à censura Régia no Brasil, Hipólito José da Costa lançou, em Londres, no dia 1º de junho de 1808, o Correio Braziliense ou Armazém Literário, cujo conteúdo despertou o ódio e o revanchismo dos políticos corruptos e do clero retrógado (Inquisição). O mensário era impresso em português e teve sua circulação proibida, sendo vendido clandestinamente no Brasil e em Portugal. Iniciou, sua circulação, sendo impresso na oficina tipográfica do Sr. W. Lewis, na rua Paternoster – Row. A partir de 1816, passou a ser impresso nas oficinas de L. Thompson também em Londres. A denominação de Armazém Literário era devido à variedade de temas que apresentava em suas páginas.
Hipólito José da Costa, através do seu periódico, apontou os erros da administração portuguesa no Brasil, lutou pela liberdade de expressão, combateu a nobreza parasitária e a escravidão. Os ideais liberais foram a força motriz do seu jornal e prepararam a geração politicamente responsável pela concretização da nossa independência em setembro de 1822.
As edições variavam de 80 a 140 páginas, sendo que o número de agosto de 1812 circulou com 236 páginas. O mensário circulou, de junho de 1808 a dezembro de 1822, somando 175 edições agrupadas em 29 volumes. O Correio Braziliense possuía as seguintes seções: Política, Comércio e Artes, Literatura e Ciências, e Miscelânea que abrangia Reflexões sobre as novidades do mês e Correspondência. Nas reflexões eram debatidos assuntos relativos ao Brasil. O exemplar avulso no Rio de Janeiro custava a importância de 1.280 réis.
O Correio Braziliense encerrou sua circulação em dezembro de 1822, quando seu editor concluiu que sua missão doutrinária havia terminado. Na edição de número 173, Hipólito José da Costa, anuncia e comenta a Independência do Brasil, acreditando que ocorrera, no dia 03 de junho de 1822, data da convocação da Assembléia Constituinte do Brasil. O Periódico circulou durante 14 anos e meio, mantendo-se sempre fiel aos objetivos para os quais foi criado: lutar pela liberdade de pensamento e combater o despotismo dos poderosos.
(Pesquisa e redação: Carlos Roberto S. da Costa Leite )

A lista de Schindler

Lista encontrdada numa biblioteca na Austrália, que nem sabia que possuia o documento.

Uma Visão do Proletariado.

Trazer a representação do mundo real para dentro de seus romances era o grande desafio dos escritores no século XIX. Victor Hugo, Baudelaire, são alguns que saíram a campo para observar o homem em seu habitat.
O resultado é uma descrição do tumultuado e nervoso universo que compunha as cidades de Londres e Paris. Capitais de duas grandes nações do velho mundo, mas que pela pena do romancista, nos traz um agudo olhar sobre até onde sonhos podem ser desfeitos, despertados para a dura realidade das ruas. Com diz Bresciani: “colocaram-se na posição de observadores das cenas de rua. E, nas ruas, a multidão é uma presença” (p.8)
A multidão frenética de dia era composta de figuras das mais diversas. Os trabalhadores dos escritórios que contavam os passos à espera do horário do trabalho, os carregadores que corriam desajeitados, as lavadeiras com suas trouxas de roupa, os carteiros de porta em porta. “A multidão, sua presença nas ruas de Londres e Paris do Sec.XIX, foi considerada pelos contemporâneos como um acontecimento inquietante.” (p.10)
O processo industrializador além de proporcionar mudanças políticas e econômicas na Europa, também influenciou no cotidiano das pessoas provocando transformações em suas atitudes como diz Bresciani (1984): “Gestos automáticos e reações instintivas em obediência a um poder invisível modelam o fervilhante desfile de homens e mulheres.” Esta mudança além de transformar as ações, modifica o cenário da Europa: “a paisagem urbana uma imagem freqüentemente associada às idéias de caos, de turbilhão, de ondas, metáforas inspiradas nas forças incontroláveis da natureza.” (p.10)
Para Benjamin que foi um estudioso que se dedicou a multidão e ressalta a importância decisiva do olhar para quem vive nas grandes cidades. Para ele a vida cotidiana assume a dimensão de um permanente espetáculo. Onde o olhar é a maneira mais interessante de analise e conhece a multidão individualizada num olhar focando.
Um ponto interessante é o acaso que é um determinante fundamental dos encontros nas grandes cidades. “A incerteza quanto ao que se vai encontrar é compensada pelo encontro certo, cotidianamente confirmado, com o fluxo formigante, caótico, da multidão” (p.12). Baudelaire análise a Paris da metade do século, como sendo duas, a Paris do dia e a da noite. A primeira “de manha cedo, ainda madrugada, ‘a Sena se encontra deserto e Paris, como os velhos trabalhadores, esfrega os olhos enquanto empurra suas ferramentas: é a hora em que o trabalho desperta’. A segunda, os personagens da noite são outros. ‘A noite encantadora’ é amiga do criminoso; até no movimento lento e silencioso do passo do lobo se faz sua cúmplice.” (p.12)
A noite também representava para os trabalhadores o momento do descanso onde retorna ao leito. Os combates do dia se interrompem, os soldados o trabalho repousam, os demônios despertam e preenchem o espaço urbano. A multidão é outra. Quando a noite chegava, rostos mudavam, comportamentos afloravam e nem sempre de maneira discreta. O formigar das prostitutas, os escroques atentos junto às mesas de jogo, os ladrões na suas labutas silenciosas. Outro aspecto identifica e caracteriza a noite da cidade grande onde o barulho da noite se faz com outros sons: o assobio das cozinhas, a algazarra dos teatros, o toarem das orquestras, o ruído áspero e tenso das mesas de fogo.
Para Janin a noite da cidade grande é considerada para ele com sendo assustadora, onde a nação noturna se põe em marcha. Em meio as trevas que tudo dominam, clarões de luz indicam a presença dos catadores de lixo, gritos interrompidos denunciam os ladrões em plena ação, passos abafados dão conta do vai e vem das prostitutas.
Segundo Victor Hugo, a imagem do caos de uma multidão sem nome é encarregada da representação do movimento não domado de uma massa humana cujos componentes se subtraem a qualquer regularidade visível imediata.

domingo, 12 de junho de 2011

A LENDA DA LAGOA DO CEMITÈRIO


8 LENDA DA LAGOA DO CEMITÉRIO




Contam os anciões[1] conhecedores das lendas e tradições de Cruz Alta, que as reproduzem como lenda urbana local, que há muito tempo viveu aqui uma linda jovem de família nobre e altiva, a qual se apaixonou, contra a vontade de seus pais, por um moço muito pobre e humilde e diziam descendente de índios.
Desse amor nasceu um filho, que revoltou a família da moça de tal forma que chegaram a lhe roubar o recém-nascido e o jogaram na outrora existente Lagoa do Cemitério, hoje drenada, e que se localizava nas proximidades do atual Cemitério Público de Cruz Alta.
Figura 22: Foto da Lagoa do Cemitério( Fonte Alfredo Roeber)
Deste então, nas horas mortas da noite[2] ouviam-se, não raro, gritos e lamentos que vinham da lagoa, daquele que ficou sendo chamado na época de o Fantasma da Lagoa, o qual clamava pelos pais e pela benção do batismo. Tal era o lamento do pobre inocente morto, que os moradores das imediações logo chamaram o padre da paróquia da vila, para dar-lhe a benção do batismo.
Conta a lenda, que deste dia em diante não mais se ouviu os lamentos da criança desaparecida, mas o padre que o batizara passou a ser acusado de feiticeiro e por ter patrocinado um sacrilégio, acabou preso pelo chefe de polícia, sendo colocado completamente nu em um calabouço fechado a sete chaves e vigiado por guardas fortemente armados.
Entretanto, a curiosidade do policial era maior que sua descrença, conta a lenda, e uma noite, deixando o padre muito bem vigiado, foi à lagoa ver de perto o fantasma local.  Mas, aterrorizado, ouviu seus gritos e uma voz que lhe pedia para libertar imediatamente o pobre padre.
Voltou correndo à prisão disposto a libertar o pobre vigário, mas ficou ainda mais surpreso quando viu que o mesmo já estava livre, lendo tranqüilamente sob as árvores do pátio da prisão.
Conta-se até hoje que o Fantasma da Lagoa foi quem abriu a cela e libertou o padre. Deste dia em diante não mais se ouviram os lamentos da criança morta. Entretanto, foi lançada uma maldição que deveria vigorar por muitos e muitos anos:
 "Todo o filho desta terra, para prosperar e ficar famoso, teria que deixar Cruz Alta e seus país e passar a viver noutras paragens".
O imaginário social perpetuou a crença de que o fracasso dos que ficam se deve à “maldição” da lagoa do cemitério, e corrobora o fato de que os mais ilustres filhos alcançaram seu sucesso noutras paragens, para não ser injusta com todos os demais citarei o representante internacional, que agregou em seu nome a saga de seu povo e sua velha cidadezinha do interior Erico Verissimo ao contrário do que muitos alegam..
Contudo há de se ressaltar que a economia local estava  voltada para os grupos hegemônicos da época que visavam a agricultura e a pecuária, esta última como foco principal, não atendendo a demanda social de atividades que comportassem uma população em expansão como no caso de Cruz Alta, estava em transformação e logo entraria em falência.E pra citar ainda o poder econômico dos Fazendeiros locais e nobres senhores da elite Cruzaltense, era de praxe mandar sua prole aos bons estudos, e estes eram encontrados na capital, explicando assim o êxodo dos ilustres filhos Cruzaltenses e com eles também o êxodo de investimentos.


[1] Lenda ouvida pela autora de várias fontes orais  com pequenas variações.
[2] Tem-se horas mortas na época do ocorrido a partir da meia noite.

Me responsabilizo inteiramente pelo texto, também é outra parte  de meu trabalho. claro exceto pela lenda que só repeti.

O Bispado em Cruz Alta


Essa é mais uma parte de meu trabalho, por isso não me preocupei em alterar detalhes.

O Bispado em Cruz Alta

Em 18 de agosto de 1821[1], foi solicitado, além de sesmarias ao Governo da Província, a fundação de uma CAPELA em Cruz Alta, que foi concedido pelo Governo Provincial. A partir deste momento com a pequena edificação para cultos católicos ( divisão eclesiástica da Freguesia) a povoação ganhava status de Vila.
Em 1824, esta capela já se encontrava habitada, claro que precariamente dado a situação da Vila, mas mesmo assim ascendeu a CURATO[2] que fora atendida pelo Padre Antônio Pompeu Pais de Campos, que não chegou a ficar em Cruz Alta. Mas em 1832( 24 de outubro) por decreto Provincial, Cruz Alta passa a ser FREGUESIA ( Paróquia ERETA) DO DIVINO ESPÍRITO SANTO DE CRUZ ALTA.[3] Seu primeiro vigário enquanto Freguesia foi o Pe Francisco Gonçalves Pacheco, que permaneceu nela de 1832 a 1834, e em 11 de março de 1834 passou à categoria de VILA ( oficialmente). Na data de 6 de dezembro de 1858, CABEÇA DE COMARCA e finalmente em 12 de abril de 1879 tornou-se CIDADE[4]( Município para nós hoje.

Era 1º de janeiro de 1969 o bispo de Santa Maria, Dom Luiz Vitor Sartori, criava o Vicariato Episcopal de Cruz Alta, nomeava Vigário Episcopal Monsenhor Frederico Didonet. A sua instalação tinha como objetivo principal preparar a diocese de Cruz Alta. Desde o início, o Vigário Episcopal teve a preocupação no sentido de lançar as bases da futura diocese.
Além das questões materiais, queria fazer uma nova igreja local com expressão de fé e comunhão. Neste sentido, organizaram um curso para o clero. O estudo foi baseado nos documentos do Concílio Vaticano II, em seus aspectos teológicos, pastorais e organizativos. Os encontros para os estudos resultaram num documento publicado no dia 18 de maio de 1971, nove dias antes da criação da diocese (27 de maio de 1971), intitulado “Perspectivas para uma pastoral engajada – Diocese de Cruz Alta".
A 30 de junho de 1969, o então Bispo de Santa Maria, Dom Luiz Vitor Sartori, propôs aos Bispos do Rio Grande do Sul, reunidos em Viamão, a criação da nova Diocese. O assunto foi amplamente debatido aquele ano. Em 7 de fevereiro de 1970, o senhor bispo de Santa Maria, Dom Luiz, assinava oficialmente a nomeação da comissão pró-bispado.
 Foram muitas as dificuldades encontradas, especialmente na região de Soledade que desejava ser anexada à Diocese de Passo Fundo. Não foi possível devido a não concordância do então bispo de Passo Fundo. O Vigário Episcopal formalizava a aquisição do patrimônio necessário para  implantar a diocese.
 Em 30 de novembro de 1970 foram feitos os necessários encaminhamentos para a construção da residência episcopal. Para o funcionamento do secretariado diocesano de pastoral se fariam as necessárias reformas no prédio adquirido junto à Paróquia do Divino Espírito Santo. No dia 27 de maio de 1971, com a Bula Papal[5] “CUM CHRISTUS”, foi criada a diocese de Cruz Alta, pelo Papa Paulo VI.
 Simultaneamente foi nomeado Bispo da nova diocese, Dom Walmor Battú Wichrowski. Assim que foi publicada a nomeação do bispo da nova diocese de Cruz Alta, começaram os conflitos. Dom Walmor se desentendeu com a comissão central, com o Vigário Episcopal e com diversos padres da recém criada diocese. Não chegou a assumir porque renunciou ao cargo.
Dom Aloísio Lorscheiter, secretário geral da CNBB e bispo de Santo Ângelo, acompanhava, em nome da Nunciatura Apostólica, os interesses havidos. O mesmo Dom Aloísio, no dia 8 de julho de 1971, após contato pessoal com o Sr. Núncio Apostólico e Dom Érico Ferrari, novo Bispo de Santa Maria, comunicava ao Vigário Episcopal o adiamento da instalação da diocese e posse do seu primeiro bispo.
Foi extinto o Vicariato e continuava a jurisdição da nova diocese aos cuidados do bispo de Santa Maria, Dom Érico Ferrari. Todas as atividades desenvolvidas durante o ano de 1972, em preparação à chegada do novo bispo foram repletas de entusiasmo.
 O Pe. José Jungblut, como delegado, mantinha contato permanente com as autoridades eclesiásticas para apressar a nomeação do novo bispo. Tudo andava em ritmo de diocese que estava nascendo da própria realidade regional. As taxas diocesanas passaram a serem recolhidas em Cruz Alta; o monumento de Fátima e a Romaria passaram a ser preocupação da diocese que surgia, porque esse movimento religioso sempre foi um importante instrumento de evangelização.

No mês de junho de 1972 foi criado o boletim diocesano, “A voz da Diocese”, cujos objetivos eram, e são até hoje, tornar conhecida esta Igreja que quer ser comunhão e participação. No final de 1972, a comunidade recebia a noticia da nomeação do Pe. Nei Paulo Moretto, reitor do Seminário Maior de Viamão, como o novo bispo de Cruz Alta.
 Prepararam tudo para a ordenação do Pe. Nei que pedia para que a celebração  de ordenação episcopal se realizasse na Catedral do Divino Espírito Santo, no dia 28 de janeiro de 1973. No mesmo dia da ordenação tomava posse o primeiro bispo de Cruz Alta, Dom Nei Paulo Moretto, e foi instalada definitivamente a diocese de Cruz Alta.
A solenidade foi presidida pelo Núncio Apostólico do Brasil Dom Humberto Mazzoni, por Dom Vicente  Scherer e por Dom Érico Ferrari. Dom Paulo Moretto foi bispo de Cruz Alta de 28 de janeiro de 1973 até março de 1976. Em Cruz Alta já temos agora o quarto bispo diocesano, já que o primeiro, Dom Walmor Battú Wichrowski, ordenado o bispo em 1958, foi nomeado para Cruz Alta em 1972, mas devido à oposição encontrada, renunciou antes de assumir.
Veio então em 1973, Dom Nei Paulo Moretto, ordenado a 28 de janeiro de 1973, sendo três anos depois transferido para Caxias do Sul. Veio depois, ainda naquele mesmo ano, a nomeação de Dom Jacó Roberto Hilgert, ordenado a 26 de setembro de 1976, ficando até 8 de maio de 2002, quando foi substituído por Dom Frederico Heimler, atual bispo diocesano que assumiu em 16 de junho de 2002


[1] A data de 18 de agosto de 1821 é reverenciada como sendo a data de fundação do povoamento de Cruz Alta ( Divino Espírito Santo da Cruz Alta)
[2] Curato é um termo religioso, derivado de cura, ou padre, que era usado para designar aldeias e povoados com as condições necessárias para se tornar uma freguesia, ou seja, tornar-se o distrito de um município.
[3] As informações cópias ou leituras podem ser feitas na Cúria ( Mitra Diocesana ) de Cruz Alta e algumas informações estão relacionadas nas Atas da Câmara Municipal localizadas no Arquivo Histórico de Cruz Alta.
[5] O termo bula pontifícia refere-se não ao conteúdo e à solenidade de um documento pontifício, como tal, mas à apresentação, à forma externa do documento, a saber, lacrado com pequena bola (em latim, "bulla") de cera ou metal, em geral, chumbo (sub plumbo). Assim, existem Litterae Apostolicae (carta apostólica) em forma ou não de bula e também Constituição Apostólica em forma de bula.( http://pt.wikipedia.org/wiki/Bula_papal)