quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Importante é comunicar: ARQUIVOS

Falha na comunicação
Problemas estruturais impedem que a maioria dos arquivos públicos invista em divulgação na imprensa e entre seus usuários
Falta de funcionários, pouco investimento e pilhas de documentos a serem analisados. Com problemas como estes, a maioria dos arquivos públicos acaba não dando muita atenção à divulgação nem à comunicação direta com seus usuários. Para alguns pesquisadores, a divulgação realmente não deve receber tanta atenção. Entre as principais instituições, apenas o Arquivo Nacional e o Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp) têm núcleo de comunicação próprio. Este último, aliás, vem arrancando elogios. Seu site foi remodelado no fim de 2009 e disponibilizou quase 400 mil imagens do acervo e cinco exposições virtuais. Resultado: o número de acessos dobrou em 2010.

Todos os outros arquivos têm a divulgação atrelada a algum órgão do governo. O Arquivo Público Mineiro, por exemplo, é ligado à Secretaria de Cultura. “O quadro de funcionários é muito reduzido. Para nós, é melhor ter mais técnicos de laboratório do que um jornalista”, diz Alessandra Palhares, uma das diretoras do arquivo, que teve o último concurso público para contratação de funcionários em 1975.

Para Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, a divulgação na imprensa ajuda a imagem institucional e atrai novos pesquisadores. No entanto, ao contrário do que muita gente pensa, os pesquisadores acadêmicos não são maioria nas salas de leitura dos arquivos. A maior parte dos usuários é formada por cidadãos em busca de documentos que comprovem direitos de propriedade ou registros de imigração, por exemplo. “Esse público não se interessa pelo acervo histórico que é divulgado na imprensa. O desafio dos arquivos é ter uma comunicação mais direta com essas pessoas e também com os pesquisadores usuais”, diz Knauss.

O problema é que, na maioria dos casos, nem o público em geral nem os pesquisadores são beneficiados pela comunicação. “Em quase todos, os usuários precisam se deslocar até a instituição para saber o que tem no acervo”, diz Renato Venancio, professor de Arquivologia da UFMG. Uma boa iniciativa, segundo ele, foi tomada pelo Arquivo Nacional, ao disponibilizar na Internet uma base de dados que permite a recuperação de informações sobre a chegada de imigrantes à cidade. Já Nireu Cavalcanti, professor do curso de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFF, acredita que a divulgação é o menor dos problemas. “Há poucos funcionários. Por conta disso, no próprio Arquivo Nacional só é possível pedir três documentos por vez, e temos que esperar sete dias para buscar. Sem contar que muitos não podem ser acessados”, denuncia.

O caso do Apesp é um pouco diferente. Segundo a assessoria, o número de pesquisadores hoje é maior que o de cidadãos comuns, em parte por causa da transferência da documentação do Memorial do Imigrante para o arquivo. “Eles estão promovendo uma verdadeira revolução ali, com novas instalações e o trabalho excelente nas mídias sociais. Isso garante a preservação da memória e diferencia São Paulo”, afirma Venancio. O arquivo pode ser seguido no Twitter e foi o primeiro a criar uma conta no Facebook, em fevereiro deste ano.

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